sexta-feira, 21 de outubro de 2011

já não dá (saímos para a rua)

Um tema de Chullage. Para os dias que correm e a luta a fazer.

já não dá (saímos para a rua) by beatweenus

Já não dá (saímos para a rua) - beat de brainkilla, co-produção dB e Hugo Alves. contem um sample de "Assim como quem nasce" - escrito por Paulo de Carvalho interpretado por Luisa Basto. Contem um sample de Eh companheiro de José Mário Branco. Artwork de Vhils.

Letra:
só cartas com contas
que já passaram o prazo
ainda não fiz compras do mês
e o puto não percebe o atraso
o telefone sempre a tocar
é a divida do automóvel
a sala esta vazia, já desisti do sofá e do móvel
um filho pra alimentar
e outro na barriga já se mexe
o seguro do carro esta a chegar
e este mês nem paguei a creche
já cortei com o café
vou cortar com os nits
agarrado a jornais
a meter curriculos em sites
só pra voltar a ouvir
que a vaga já foi preenchida
levar as mãos à cabeça
pensar pôr termo á vida
já pondero imigrar
pra França ou Angola
ou flashar entrar num banco
e aponta-los uma pistola
tornou-se um luxo ir jantar
levar a dama ao cinema
só falo por sms grátis
tornou-se luxo um telefonema
e a quem recorrer
se os bros tão todos na mema
pragados na rua
à procura de algum esquema

só vejo casas com placas
de leilão ou de venda
e a minha vai pelo mesmo andar
que eu já não aguento esta renda
e governo não dá as famlias
mas dá aos bancos bué pinlin
mais tarde ou mais cedo
dás com um broda a dormir
no banco dum jardim
e querem que um gajo mendigue
pela merda dum subsidio
parado na segurança social
onde o funcionário agride-o
e de repente
o povo ta perder o raciocínio
e admiram o aumento
de assaltos e assassinios
o pior é que nós e que sofremos
com os assaltos e assassinios
que esses filhos da puta estão protegidos
escondidos nos seus condominios
os verdadeiros assaltantes
entram no banco na maior
e saem com as maos no bolso do fato
e o dinheiro desviado pra um off-shore
não é atoa que estão a construir
mais cadeias
não é atoa que reforçam policias
pra nos matar à tareia
é que isto já esteve muito marado
mas isto nunca esteve assim
o people esta revoltado
eles têm medo dum motim

endividei-me pra pagar
propinas e um certificado
ter uma licenciatura
pra ficar desempregado
ou acabar num call center
ou caixa de supermercado
a trabalhar a recibos verdes
com 500 euros de ordenado
e no meio disto tudo
ainda sou privilegiado
porque a maioria do meu peoples
ta no muro encostado
quem estava em espanha voltou
acabou o el dorado
e arranjar um visto pra Angola
ta a ficar complicado
foderam esta merda toda
e é sempre e o povo é sacrificado
no proximo 25 de Abril
quero ver alguem enforcado
eles choram pelas acções
perdidas no PSI 20
meu people aqui chora
pela refeição seguinte
e mostram-nos pessoas
na porta do BPP a reclamar
meu peoples já fazem fila
na porta do banco alimentar
já não voto, porque o voto
não dá voto na matéria
politica pedrdeu a seriedade
e duvido que recupere-a

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Disseram-me "resigna-te", mas eu não pude e peguei outra vez na minha arma

Outra canção de resistência da Marly, agora pela própria



Les ennemies étaient chez moi
On m'a dit: "Résigne-toi",
Mais je n'ai pas pu.
Et j'ai repris mon arme.

Personne ne m'a demandé
D'ou je viens et où je vais
Vous qui le savez,
Effacez mon passage.

J'ai changé cent fois de nom
J'ai perdu femme et enfant
Mais j'ai tant d'amis
Et j'ai la France entière.

Un vieil homme dans un grenier
Pour la nuit nous a cachés
Les All'mands l'ont pris
Il est mort sans surprise

Hier encore nous étions trois
Il ne reste plus que moi
Et je tourne en rond
Dans la prison des frontières

Le vent souffle sur les tombes
Et la liberté reviendra
On nous oubliera!
Nous rentrerons dans l'ombre.

resistência, outra vez...

a canção de Anna Marly, aqui numa versão de Yves Montand


Ami, entends-tu le vol noir des corbeaux sur nos plaines ?
Ami, entends-tu les cris sourds du pays qu'on enchaîne ?
Ohé partisans, ouvriers et paysans, c'est l'alarme !
Ce soir l'ennemi connaîtra le prix du sang et des larmes.
Montez de la mine, descendez des collines, camarades,
Sortez de la paille les fusils, la mitraille, les grenades ;
Ohé les tueurs, à la balle et au couteau tuez vite !
Ohé saboteur, attention à ton fardeau, dynamite ...
C'est nous qui brisons les barreaux des prisons, pour nos frères,
La haine à nos trousses, et la faim qui nous pousse, la misère.
Il y a des pays où les gens au creux des lits font des rêves
Ici, nous, vois-tu, nous on marche et nous on tue, nous on crève.
Ici chacun sait ce qu'il veut, ce qu'il fait, quand il passe ;
Ami, si tu tombes, un ami sort de l'ombre à ta place.
Demain du sang noir séchera au grand soleil sur les routes,
Chantez, compagnons, dans la nuit la liberté nous écoute.
Ami, entends-tu les cris sourds du pays qu'on enchaîne ?
Ami, entends-tu le vol noir des corbeaux sur nos plaines ?
Oh oh oh oh oh oh oh oh oh oh oh oh oh oh...

Há um fogo enorme no jardim da guerra



Há um fogo enorme no jardim da guerra
E os homens semeiam fagulhas na terra
Os homens passeiam co´os pés no carvão
que os deuses acendem luzindo um tição

Pra apagar o fogo vêm embaixadores
trazendo no peito água e extintores
Extinguem as vidas dos que caiem na rede
e dão água aos mortos que já não têm sede

Ao circo da guerra chegam piromagos
abrem grande a boca quando são bem pagos
soltam labaredas pela boca cariada
fogo que não arde nem queima nem nada

Senhores importantes fazem piqueniques
churrascam o frango no ardor dos despiques
Engolem sangria dos sangues fanados
E enxugam os beiços na pele dos queimados

É guerra de trapos no pulmão que cessa
do óleo cansado que arde depressa
Os homens maciços cavam-se por dentro
e o fogo penetra, vai directo ao centro

Estou farto disto

Sarcasmos do cantor e compositor alemão Wolf Biermann, ao vivo em Colónia em 1976