A propósito de Bernstein, este "repeat repeat", de autor desconhecido
Uma notícia de Agosto do jornal Público
Por supostas actividades comunistas
Maestro Leonardo Bernstein foi espiado pelo FBI
14.08.2009 - 10h30 Isabel Coutinho
O escritor e crítico musical Alex Ross assina um artigo no site da revista The New Yorker onde revela que o famoso maestro da Orquestra Filarmónica de Nova Iorque, Leonardo Bernstein (1918-1990), foi vigiado durante anos pelo FBI (Federal Bureau of Investigation) por supostas actividades comunistas.
O autor de The Rest is Noise: Listening to the Twentieth Century conta na revista que, quando estava a fazer um artigo sobre o músico no final do ano passado, conseguiu aceder a vários documentos relacionados com as posições políticas de Bernstein, entre os quais o seu dossier no FBI (que tem 800 e tal páginas), e ainda a notas relacionadas com ficheiros e a gravações áudio do Presidente norte-americano Richard Nixon.
No artigo, disponível on-line (intitulado Os Ficheiros Bernstein) podem ver-se reproduções dos documentos e ouvir-se ficheiros de som onde o Presidente Nixon discute com Haldeman, o seu chefe de gabinete.
As escutas e a vigilância a Leonardo Bernstein, norte-americano descendente de uma família russa judia, começaram nos anos 40. Em Março de 1949, David Niles, que era assistente do Presidente Harry Truman, pediu ao FBI para investigar o passado do músico.
Niles queria esta informação, escreve Alex Ross, porque Truman e o primeiro Presidente de Israel, Chaim Weizmann, iam participar num evento em que Bernstein actuaria. O director do FBI, J. Edgar Hoover, terá sido informado de que Bernstein estava "ligado, afiliado ou de alguma maneira associado" a várias associações comunistas.
Na era McCarthy (a da "caça aos comunistas"), a vigilância ao pianista foi particularmente intensa, sobretudo entre 1947 e 1956.
Em 1953, o Departamento de Estado recusou-se a renovar o passaporte de Bernstein. Este assinou uma declaração em que negava ter estado alguma vez inscrito no Partido Comunista (PC) ou participado em actividades realizadas por comunistas, mas continuou a ser espiado. A sua carreira foi afectada. Em 1958 um informador do FBI afirmava: "Sei que Bernstein é membro do PC. Não tenho provas, mas sei pela maneira como fala."
Em Setembro de 1971, Nixon, que devia estar presente na inauguração do Kennedy Center for the Performing Arts, em Washington, recusou-se a ir porque Jacqueline Kennedy pediu a presença de Bernstein, que ali apresentou Mass. Os conselheiros da Casa Branca acharam que o músico planeava, com pessoas de esquerda, ridicularizar o Presidente, apresentando uma composição antibélica.
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