O coletivo de hip-hop “Lutarmada” tem forte atuação ao lado dos explorados e oprimidos. Suas músicas denunciam todo o tipo de discriminação, exploração e alienação. Um dos grupos que formam o coletivo é "O Levante", que [lançou em 2007] o CD "Temeremos mais a miséria do que a morte". As letras são explícitas em sua opção pela luta popular e, sem qualquer vacilo, pela revolução. Leia a entrevista que um de seus integrantes nos deu. É o Gas-PA.
Como, onde e quando surgiu o coletivo? Quais são seus objetivos?
Surgiu em um morro da zona norte do Rio, em 2004. Nosso objetivo é, através da arte e de outras formas de entretenimento, incentivar na juventude de bairros periféricos a reflexão e interferência na realidade que ela vive. São oficinas artísticas, exibição de filmes e eventos culturais, como o anual Hip-Hop Ao Trabalho, que acontece todo 1º de maio, em Costa Barros. Nós montamos a estrutura, a comunidade vem curtir o evento que, além de música, tem BMX, Trançagem - para as pretinhas terem a chance de perceber que não precisam babar ovo das brancas para serem bonitas - dança, graffiti, vídeos e recebem o nosso manifesto do Hip-Hop ao trabalho, que é escrito com uma linguagem bem apropriada para aquela população formada em sua grande maioria por analfabetos funcionais. Se a burguesia se utiliza dessas ferramentas pra dominar, usaremos pra mobilizar.
No CD "Temeremos mais a miséria do que a morte", de O Levante, vocês defendem a revolução como saída? Que tipo de revolução seria?
A total transformação da sociedade. Na mais profunda raiz. Não deixando de pé a mais-valia, o racismo, o machismo, as concentrações agrária e imobiliária, a herança, a propriedade privada de todos os meios de produção e de comunicação. Por aí.
Vocês dizem que o microfone é sua arma? A música pode revolucionar?
Contribuir para a revolução, sim. Para manter sua hegemonia a classe dominante tem a igreja, a escola, jornais, revistas, TV, polícia, Forças Armadas...e música. Já fui ingênuo o suficiente pra acreditar que só com a música eu estaria contribuindo enormemente para a revolução. Agora não dá mais pra eu pensar assim. A música de O Levante e dos outros grupos que formam o Lutarmada são apenas uma trincheira na guerra de posições. Tanto é que nossa militância dá-se muito menos nos palcos e nos estúdios do que na pista. Enquanto eu escrevo isso, tem gente do Lutarmada na greve dos professores do estado. Já marchamos pro DF em defesa da reforma agrária, já ocupamos usina que emprega mão-de-obra escrava, já teve gente nossa ocupando prédio abandonado...à esquerda e avante.
Como vocês estão vendo toda essa violência contra os pobres no Rio, em outras grandes cidades e no campo?
Sistemática, funcional, classista.
A música "Luta pelo amor, amor pela luta" fala de uma mulher militante. Um marxista inglês disse uma vez que a liderança revolucionária ideal teria que ser mulher, jovem, negra e homossexual. O que vocês acham disso?
Esse é o modelo de vítima de todas as formas mais freqüentes de opressão da nossa sociedade e, portanto, com mais elementos para a indignação, eu sei. Só que no caso dessa música eu não pensei nisso. Essa é uma história de amor que, por mais que pareça bizarra, foi verdadeira. E ela é mulher, jovem, preta, sim. mas só isso.
De quais movimentos sociais vocês participam?
Frente de Luta Popular (FLP) e uma rede de educação popular que, no Rio, é formada, além de nós, pelo MST, MTD e a Pastoral da Criança.
Fonte: Revolutas
http://www.revolutas.net
17/10/2007
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