segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Não buzine que eu estou paquerando (Tom Zé em 1968)



Sei que o seu relógio
Está sempre lhe acenando
Mas não buzine
Que eu estou paquerando

Eu sei que você anda
Apressado demais
Correndo atrás de letras,
Juros e capitais
Um homem de negócios
Não descansa, não:
Carrega na cabeça
Uma conta-corrente
Não perde um minuto
Sem o lucro na frente
Juntando dinheiro,
Imposto sonegando,
Passando contrabando,
Pois a grande cidade não pode parar

Sei que o seu relógio está sempre lhe acenando,
Mas não buzine, que eu estou paquerando

A sua grande loja
Vai vender à mão farta
Doença terça-feira,
E o remédio na quarta,
Depois em Copacabana e Rua Augusta,
Os olhos bem abertos,
Nunca facilitar,
O dólar na esquina
Sempre pode assaltar
Mas netos e bisnetos
Irão lhe sucedendo
Assim, sempre correndo,
Pois a grande cidade não pode parar,

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